segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

CONSTRUÇÃO

É madrugada, minha cidade está parada
Está dormindo perdida no nada
Eu tento escrever um texto
Sou um poeta de plantão
Com versos rasgando a madrugada
E costurando minha emoção
Sou um ser insone que escreve
De forma um pouco desordenada
Que busca algumas palavras
Como tijolos na construção
Sou um operário da poesia
Que espera o nascer do dia
Que busca uma solução
É assim que me vejo
Um pouco perdido, um pouco sem rumo
Com um coração apaixonado
Parado, calado, ouvindo o som do silêncio
Ouvindo o canto triste de um galo
Que canta pra espantar o sono
Enquanto espanto minhas incertezas
Com palavras, frases e magia
Apenas um poeta insone
A construir uma nova poesia...

(Antonio Elias)

sábado, 29 de janeiro de 2011

UM DIA DE CHUVA

Em dia de chuva inundo meu pensamento
De frases incertas e retas
Às vezes poéticas, às vezes patéticas
Às vezes lógicas, às vezes sem métrica
Às vezes loucas ou bobas até
Mas é certo que frases incertas
Preenchem meu dia de chuva
Chuva que cai e vai
Em busca de um pedaço de mar
Mas em um dia de chuva
No alto de uma montanha
Entre frases lógicas e estranhas
Vejo a mais pura felicidade
No lindo brilho do seu olhar
Em um dia de chuva
Sem praia, sem sol e sem mar
No prazer mais lindo e envolvente
Que só sinto com você
E no doce sabor de te amar...

(Antonio Elias)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

PELOS CAMINHOS DO CORAÇÃO

Viajo pelos caminhos do coração
Sem pressa, apenas observando emoções
Tocando nas pétalas de uma flor do campo
Observando os encantos da natureza
Sorrindo ao ouvir um bentevi...

Assim eu vou
No planeta terra, mas no mundo da lua
Com pensamentos que flutuam
E tocam o céu
Debruçam nas nuvens
E se confundem com o branco do algodão.

Poeta sem endereço
Com jeito de quem sabe o que quer
Assim caminho
Marcando minha passagem
Através de amigos que respiram poesia
De um amor feito a primeira estrela
Que numa dessas idas ao céu
Eu encontrei um dia...

(Antonio Elias)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

BRASILEIRO

Não falo de algo muito grande
Falo do cotidiano
Da vida em preto e branco
Sou um repórter da poesia
A narrar fatos da vida
Falo do pai de família
Que levanta cedo, respira fundo
E vai a luta
Falo daquela mãe
Que não tem o que por na boca do filho
Falo da fila do INSS
Dos aposentados contando cada centavo do pagamento
Falo daquele menino que cheira cola
E nunca mais foi a escola
Falo do nordestino pisando aquela terra seca
Olhando para o céu e pedindo chuva
Falo dos desabrigados pela enchente no sul
Falo daquele homem
Que ainda cheio de esperança
Olha seu título de eleitor
E acredita que tudo pode melhorar
Falo do desempregado que aposta sua esperança
Na mega sena acumulada
São desses seres maravilhosos
Que componho meu poema inteiro
Desse povo que sonha, torce e ri
E que ainda tem orgulho de ser brasileiro.

(Antonio Elias)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

MEMÓRIAS

Às vezes me vejo sem tempo
Correndo em busca de resultados
Me vejo às vezes preocupado
Diferente de tudo o que sonhei
Às vezes me sinto tão só
Perdido entre a multidão
Que segue desordenada sem pensar no amanhã
Às vezes me sinto deslocado
Sem saber pra onde ir ou seguir
Mas sigo pelo instinto quase animal
Um rumo diferente do convencional
Sem etiquetas e boas maneiras
Sigo apenas buscando minha intuição
Minha convicção de também chegar
De ocupar um lugar de forma merecida
E assim eu vou
Por entre vitrines e outdoors
Por entre sinais verdes e vermelhos
Por entre loucos e poetas
Que deliram à beira do caminho
Eu vou, seguindo em frente
Porque eu também já tive pressa
E hoje o que me resta
São alguns poemas rabiscados
Algumas canções inacabadas
Que são apenas parte da minha história
Apenas memórias guardadas em um velho computador...



(Antonio Elias)

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

HISTÓRIA

Fico paralisado olhando estrelas
Em noite fria e de céu azul
Fico imaginando algumas pessoas
Vivendo à toa, na América do Sul
O desgoverno atuando de forma estúpida
A fome, a cama, o poder e a lama
É quando um hippie em uma flauta doce
Toca uma canção e de nada reclama
Penso nos mutilados, torturados
De outras décadas
Outros poetas em protestos febris
Mas o hippie toca e pouco se importa
Nos fatos passados, militares ou civis
Sento-me na calçada para ouvir o som
Que vem, embriaga e contagia
A bandeira da paz não mais tremulou
Nessa cruel e louca guerra fria
Quantos e quantos seres pensantes
Perdidos em sonhos e velhos ideais
Revolucionam, falam, cantam e pregam
Um mundo mais justo, com divisões iguais
Eu sigo e o som da flauta
Permanece gravado na minha memória
Que procura esquecer, ignorar, deixar
Fagulhas tão tristes dessa nossa história...

(Antonio Elias)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

UM POUCO...

Fico às vezes perplexo
Com a velocidade humana
Onde pessoas se olham sem se ver
Se tocam sem sentir
Transam sem se amar
Onde o maior compromisso é o ego
O poder e o novo padrão de vida
Eu caminho por uma rua movimentada
Onde vejo uma velha senhora
Que às vezes ri, às vezes chora
Que pouco entende aquilo que lhe falam, quando falam
Ela não tem noção de horários, deveres, limites
Ela simplesmente existe, insiste
Noto que a maioria das pessoas
Não a percebe
Mas ela também não liga, não reclama
Não ama e não sofre por amor
Apenas às vezes uma dor
Que ela já aprendeu a conviver
O dia passa, a noite vem
E ela pouco se importa, não pensa
Não lamenta a sua sorte
Ela é um pouco eu, um pouco você
Um pouco vida, um pouco morte...

(Antonio Elias)

sábado, 15 de janeiro de 2011

MENINO

Eu tocava um violão despreocupado e livre

Olhando no morro o sol caindo do céu

Dentro dos meus sonhos não sabia ser triste

Inventando poesias em folhas de papel

Meu mundo, meu quarto, retratos e discos

Meus livros, revistas, sonhos ao luar

Eu era um menino só pensando em crescer

Tão feliz vivendo naquele lugar.



Os garotos da escola que estudavam comigo

Queriam jogar bola e brilhar no exterior

Eu só queria ser feliz, cantar e tocar

Vivendo a magia do meu interior

Assistia os programas de televisão

Sonhava em um dia ali também cantar

Ouvir minhas musicas em ruas e praças

Somente um menino que sabia sonhar.



Mas o tempo leva tudo e levou de mim

A paz, a alegria e o meu sorriso até

Hoje sou mais um que quase não sonha

Que já não fala de amor, mas não perdeu a fé

De um dia poder novamente acordar

E ver com os mesmos olhos, o sol caindo do céu

Achar que eu ainda posso novamente sonhar

Fazendo poesias em folhas de papel.

(Antonio Elias)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

MEDITAÇÃO

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo,
nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto.
A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços,
na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas
resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando,
vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

(ADRIANO DE OLIVEIRA)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

SERRA DE BOTUCATU

A neurose talha o sentimento puro
E faz do amor mera rotina
O ser humano fica inseguro
Perdido no medo que o sistema ensina
E eu me vejo no jogo da vida
Instrumento sem utilidade
Com a força da fé quase perdida
Achando utopia a felicidade.

É quando brota em mim a libertação
E eu vou pra Serra de Botucatu
É vida nova é nova a sensação
Um corpo livre se sentindo nu
Da porta da minha cabana
Vejo a cobra de aço despontar
Por sobre os trilhos da sorocabana
Com segredos pra se desvendar.

Medito sobre os tipos de pessoas
Que no trem estão paralelos
Pensamentos fúteis, simples e à toa
Entre ideais e sonhos tão belos
Crianças sonham com a paisagem verde
Olhando as aves na montanha
Homens que de cifrões tem sede
Falando de sexo e suas façanhas.

Então vejo na serra tosca capela
Deixando o lugar ainda mais divino
Numa oração me aproximo dela
Sentindo paz no coração menino
Harmonizo agora o meu pensamento
Refeito de todo antigo torpor
Lá na Serra de Botucatu o vento
Traz na voz uma canção de amor.


Letra: Antonio Elias
Música: Raphael